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Divulgado resultado final das inscrições homologadas do curso de Educação Intercultural de 2023 da UFG

Em 18/04/23 17:57. Atualizada em 19/04/23 13:07.

 

 

 

 

A lista com os selecionados para a próxima fase está disponível no site do Instituto Verbena/UFG

Texto e Fotos: Rafael Gofer

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Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena

     O Instituto Verbena da Universidade Federal de Goiás (UFG) acaba de disponibilizar o resultado final (link aqui) das inscrições homologadas referente ao curso de Licenciatura em Educação Intercultural que oferta 40 vagas na Universidade Federal de Goiás (UFG). Foram 453 no total de inscritos neste Processo Seletivo com candidatos(as) em sua maioria de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, e o Instituto Verbena da UFG enquanto banca organizadora reforça a necessidade de leitura de todo o Edital  N°07/2023, e também atenção redobrada dos selecionados para a próxima fase quanto ao cronograma do edital.

   Segundo o edital , após a disponibilização da lista do resultado final com os nomes selecionados, a seleção será composta por três etapas, sendo:  Análise de Currículo, Entrevista e Prova de Redação. Todas estas etapas são realizadas de forma online. 

   As vagas do curso de Educação intercultural são destinadas a professores(as) indígenas que atuam na área de educação escolar indígena da Rede Pública de Ensino, e também a indígenas que tenham concluído o Ensino Médio ou curso equivalente e que pretendam ingressar e atuar na área da educação escolar indígena da Rede Pública de Ensino.

 

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    Os(as) candidatos(as) aprovados(as) neste vestibular, irão realizar a formação em alternância de tempo contemplando o momento Universidade no Núcleo Takinahakỹ de Formação Intercultural da UFG e nos territórios indígenas de sua origem no momento Comunidade. O curso do Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena (NTFSI), promove o acesso à educação superior para mais de 30 povos indígenas distintos, assegurando também o direito à educação escolar diferenciada e oferecendo uma formação com destaque às preocupações com a retomada, o fortalecimento e a produção pedagógica a partir dos saberes e das línguas dos povos indígenas.

   O curso surge em 2007 como resposta e acolhimento às demandas dos povos indígenas da região Araguaia-Tocantins e busca atender aos anseios das comunidades indígenas com respeito à importância e o direito à diferença da educação escolar Indígena. Atualmente o curso atende povos residentes nos estados de Goiás, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso e Minas Gerais com aproximadamente 300 estudantes vinculados e matriculados na Universidade em Goiânia.

 

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Localização do Núcleo Takinahakỹ no Campus Samambaia da UFG

Desenvolvimento do Curso

   Em conversa com o Instituto Verbena da UFG, a Coordenadora do curso de Educação Intercultural Aline da Cruz, diz que os 13 professores efetivos do Núcleo Takinahaky coordenam individualmente ou em duplas, comitês de orientação que conta com o apoio dos estudantes matriculados no curso, assim como egressos e membros das comunidades indígenas que atuam, tanto no momento Comunidade quanto Universidade que está previsto na formação da(do) estudante indígena. 

   Estes grupos podem ser organizados por etnias, proximidade geográfica, cultural e linguística dos povos indígenas, ou por outros critérios - definidos pelo Colegiado do curso. Xambioá, Canela, Javaé, Krikati, Tapirapé, Xacriabá ,Xerente, Guajajara , Bororo, Xingu, Xavante, Karajá, Krahô,Apinajé,e Gavião são os territórios indígenas de participação destes comitês.

   A Pedagogia de Alternância do projeto de formação dialoga com a construção coletiva do curso, considerando as necessidades, os projetos e as propostas educacionais das demandas trazidas pelas comunidades indígenas, que queriam uma escola que atendesse às suas necessidades e não às políticas externas. Desta forma, os projetos extraescolares de pesquisa desenvolvida para a conclusão do curso é defendido pela(a) estudante em sua comunidade de origem, e sua construção acadêmica ao longo de sua formação é feita e desenvolvida para sua comunidade assim como os estágios e os projetos extra escolares.

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   Para a Comissão Organizadora do Processo Seletivo de 2023 “ O perfil profissional dos graduados no curso é baseado em conhecimentos específicos de cada povo em uma perspectiva de diálogo intercultural para o exercício profissional como professor(a), pesquisador(a) e articulador (a) social. E voltado às realidades dos espaços culturais (escolares e não escolares) com objetivo de promover a aprendizagem dos sujeitos em diferentes fases, níveis e modalidades de processo educativo ensinando suas línguas maternas e a língua portuguesa.’’

   O curso de Formação em Educação Intercultural da UFG existe a 16 anos com três modalidades de formação distintas na área da cultura, da linguagem ou natureza e matemática. O primeiro Projeto Político Pedagógico do curso no entanto tem origem dois anos antes desta data, resultado da atuação conjunta de professores indígenas e universitários que resultaram na aprovação em 2006 no Conselho Universitário (Consuni) na criação do curso de Educação Intercultural em parceria com a Universidade Federal do Tocantins (UFT) e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

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Núcleo Takinahakỹ

   O prédio do Núcleo Intercultural de Educação Indígena Takinahakỹ - termo de origem indígena que significa grande estrela - é inaugurado sete anos depois da criação do curso, no ano de 2014. O Núcleo possibilitou uma maior autonomia para o curso, mas ainda não o institucionalizou como unidade independente. As aulas do curso de Educação Intercultural no momento Universidade são ministradas no Takinahakỹ  que está vinculado atualmente à Faculdade de Letras da UFG.

   Em conversa com a atual coordenadora do curso Aline da Cruz e os professores (docentes) Ana Paula Purcina e Luciano Cardenes, estes afirmam que os diálogos acerca da institucionalização nesse sentido e transformação em Unidade do núcleo takinahakkỹ é uma pauta que vem acontecendo com maior abertura na Gestão atual da UFG. E que está independência em relação a Faculdade de Letras possibilitaria, entre outras conquistas, a criação de programas específicos de educação continuada como pós graduação, por exemplo, e novos cursos de formação. 

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Espaço Cultural Wèkèdè Maria do Socorro Pimentel da Silva no Núcleo Takinahakỹ

   Além disso, os docentes afirmam que políticas públicas de ensino e permanência possibilitam ganhos tanto para a Universidade quanto para as comunidades que a UFG atende, e que este atendimento poderia ser ampliado. A exemplo de uma maior assistência para os estudantes indígenas em sua permanência na Universidade por meio de uma parceria ainda mais consolidada com o Programa de Assistência Estudantil da UFG (PRAE) no que tange uma assistência financeira, médica, psicológica e odontológica mais ampla para os estudantes. Além disso uma ampliação do acesso aos Programas de Extensão Universitária como o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) , Programa de Educação Tutorial (PET) Programa de Bolsas de Licenciatura (PROLICEN) e UFG Inclui. 

 

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Brinquedoteca do Núcleo Takinahakỹ -  Foto cedida pela Professora Ana Paula Purcina

   Outros pontos positivos dessas parcerias seria a possibilidade de ampliação dos espaços de convivência e acolhimento, a exemplo da brinquedoteca que teve início no ano passado em parceria com a Faculdade de Ciências Sociais da UFG (FCS/UFG), que possibilitaria uma maior tranquilidade para as mães indígenas, como aponta a Professora do curso Ana Paula Purcina.

   O projeto de Moradia Estudantil para os estudantes indígenas ( já anunciado pela Reitoria) segundo o Professor Luciano Cardenes, seria um ganho na qualidade de vida e permanência dos estudantes do takinahakkỹ assim como estudantes indígenas de toda a Universidade. Cardenes pontua que, atualmente, muitos estudantes comprometem com aluguel, nas redondezas do campus Samambaia da UFG, quase em sua totalidade o que ganham (no caso dos estudantes contemplados) com bolsa Permanência ( auxílio financeiro)  ou Programa de Atendimento Especial a Estudantes Indígenas e Quilombolas (PAIEQ) por exemplo. 

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Biblioteca do Núcleo Takinahakỹ

Acolhimento aos estudantes

     Atualmente o curso de Educação Intercultural da UFG tem apoio do PROLIND (Programa do Governo Federal de apoio à formação superior de professores que atuam em escolas indígenas de educação básica). E que a UFG é uma das poucas no país que ofertam vagas anualmente através destes recursos e recursos de projetos da Instituição. Os recursos são administrados pelo Núcleo anualmente em diversas frentes inclusive no deslocamento para as comunidades dos estudantes indígenas.

  O Professor Luciano Cardenes diz que, anualmente, ao chegar na UFG , os novos estudantes aprovados no Processo Seletivo de Educação Intercultural contam com alojamento oferecido pelo Núcleo Takinahakỹ no primeiro momento, além da alimentação aos domingos acrescida da alimentação nos demais dias que é oferecida no Restaurante Universitário (RU) pelo PRAE. Luciano diz que nesse período de acolhimento inicial dos estudantes aprovados, são os servidores e colaboradores lotados no Núcleo que normalmente auxiliam os estudantes na solicitação de pedido de auxílio financeiro (Permanência ou PAIEQ). 

   O Professor acrescenta, que apesar dos estudantes em sua maioria conseguirem algum tipo de auxílio financeiro, muitas são as dificuldades seja de acesso aos serviços de assistência médica e odontológica por exemplo, como valores de aluguel, praticados acima da normalidade somado ao racismo e discriminação que os estudantes e suas famílias muitas vezes enfrentam, dificultando a permanência na Universidade.

   As perspectivas são de mudanças positivas neste 19 de Abril , dia dos povos Indígenas, em convergência com a atual gestão da UFG e o atual governo. Recentemente  a Universidade  Federal de Goiás empossou o primeiro Professor Indígena  da Instituição.

  Gilson Ipaxi'awyga Tapirapé que possui Graduação em Educação Intercultural  pela UFG fez mestrado em Letras e Linguística na Faculdade  de Letras e integra  o  quadro de docentes do Núcleo Takinahakỹ de  Formação Superior Indígena. A  contratação do professor foi resultado da  articulação entre a Faculdade de  Letras,  a Faculdade de História, a  Faculdade de Ciências Sociais e o Instituto de  Matemática e Estatística. 

   E no momento solene da posse do Professor -que aconteceu no Núcleo - a  Reitora da Universidade Profª Angelita Pereira Lima, anunciou o plano de  criação  de uma casa para alunos indígenas  com expectativa de receber  parte dos  estudantes indígenas que estudam na UFG (a moradia estudantil  Indígena citada  anteriormente no texto).

Acesso à Educação

   Alguns autores e estudiosos do tema sobre a Educação Intercultural  afirmam que, de maneira simplificada são três formas de acesso dos  indígenas à  educação: o ensino básico prestado nas aldeias por professores  membros das  comunidades e que cursaram as Licenciaturas Indígenas, o  ingresso nas  universidades pelo regime de cotas (em que parte das vagas  ofertadas  normalmente é a eles destinada) e as vagas especiais criadas de  forma  suplementar nas universidades.

   Entendendo o conceito da Institucionalização como um processo de "assemelhação" ou de transformação de algo em uma instituição,  o  pioneirismo  do Núcleo de Formação Superior Indígena Takinahakỹ, assim  como do curso de  Educação Intercultural e da UFG ( que anualmente  desde  sua criação oferta  vagas para Educação Intercultural)  faz com que  esse caminho da independência  enquanto Unidade e sua consequente  expansão seja o caminho natural na  trajetória do Takinahakỹ. Ampliando  ainda mais a democratização do acesso ao  Ensino Superior para os povos  originários.

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   No Processo Seletivo de Educação Intercultural da UFG a Professora Ana  Paula  diz que que a entrevista com os(as) candidatos(as) indígenas,  prevista no edital  entre 09/05/2023 a 12/05/2023, é vista com bons olhos  pois os(as) indígenas  interessados no curso podem expressar suas  intenções e perspectivas de  articulação pela Universidade mas também  principalmente pela sua comunidade. É o retorno dos conhecimentos  aprendidos para as comunidades de origem dos  estudantes e  acrescentando o pensamento do líder Indígena Ailton Krenak “ o  futuro é  ancestral”.

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Parte externa do Espaço Cultural Wèkèdè com parte do graffiti assinado pelo artista visual goiano Wes Gama.

 

 

Categorias: Notícias Noticias

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